Corria o ano de 1917.
Era em princípios de Outubro.
No dia 13 do mês anterior, tinha eu ido pela primeira vez a Fátima, regressando de lá numa atitude mental de prudente reserva e de simples,posto que benévola, expectativa.
Num dos últimos dias desse mesmo mês, voltei à futura Lourdes Portuguesa, para interrogar os videntes e colher informações que me habilitassem a formar um juízo seguro sobre a natureza dos factos que se estavam a desenrolar naquele recanto da Serra de Aire.
As respostas das crianças, cuja sinceridade e cuja normalidade física e moral eram evidentes, tiveram o condão de dissipar no meu espírito todas as prevenções.
Alguns dias depois, já em Outubro, de novo me encontrava em Fátima a fim de levar mais longe as minhas investigações em assunto de tanta monta.
No dia 13, às 10 horas da manhã, dirijo-me de Montelo para a residência paroquial, fazendo a pé o percurso que é apenas de dois quilómetros e meio.
O largo que circunda a Igreja e onde se cruzam as três estradas que partem de Torres Novas, Vila Nova de Ourém e Leiria, regorgitava de pessoas vindas de todos os pontos do país e pertencentes a diversas classes e condições sociais.
No presbitério viam-se numerosos sacerdotes a quem o pároco aconselhava a que não fossem naquele dia ao local das aparições.
Uma nobre senhora muito admirada por eu me encontrar ali, convida-me a ocupar um lugar vago na sua caminheta. Aceitei o oferecimento e segui para a Cova da Iria.
A chuva que caía sem interrupção desde as 10 horas da manhã, tornou-se torrencial. O céu estava completamente nublado.Eram quase 13 horas oficiais. O local das aparições havia-se convertido, num vasto oceano de cabeças humanas, em número por ventura superior a setenta mil.
Como eu, outras pessoas que se encontravam na estrada distinguiam perfeitamente com um binóculo, e mesmo à vista desarmada, no local das aparições, por cima da azinheira sagrada, uma grande núvem, que envolvia por completo aquele lugar.
De repente, Lúcia, a protagonista das aparições, solta um brado intimando todos os circunstantes a fechar os chapéus de chuva.
As crianças contemplam em êxtase a sublime e radiosa Visão. Rezado o terço e terminada o colóquio da Lúcia com a Senhora que lhe declara ser a Senhora do Rosário,verifica-se o sinal celeste anunciado pela Virgem e predito pela vidente. O sol, como escreveu no "Século" o enviado especial daquele diário, Avelino de Almeida,tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fora de todas as leis cósmicas, o sol, no dizer do povo, «bailou».
A multidão debanda na mais perfeita ordem.Os crentes rejubilam, fortalecidos na sua fé e afervorados na sua piedade. Muitos pecadores convertem-se e começam vida nova.Os ímpios e os incrédulos calam-se, fulminados pelo facto assombroso e irrecusável de que tinham sido testemunhas e que não sabiam explicar.
Principia então o ciclo interminável das peregrinações...
Principia então o ciclo interminável das peregrinações...
Hoje, passados 90 anos, «ideias. com» alegra-se e testemunha a sua admiração pela belíssima peregrinação deste Outubro de 2007 que foi repleta de outros e grandes sinais.
2 comentários:
Encanta a maneira tão real e ao mesmo tempo tão profunda como o P.Formigão descreve os acontecimentos de Fátima a quando ali se deslocava para se inteirar da veracidade de tudo o que ali se passava.É mesmo com encanto que se leem os seus primeiros livros.
Que boa ideia colocarem aqui este testemunho dele, ele que inicialmente estava cético mas que Deus toca e de que maneira!
Faz dele um apóstolo incansável da mensagem da Mãe do Céu.
Que ele no Céu nos ajude a todos a viver na vida toda a mensagem vinda Céu à nossa terra e mereçamos ser dignos de tal previlégio.
Gosto muito de tudo o que conheço dele,rezo-lhe para que ele interceda junto de Deus pela nossa Pátria, pelo mundo, para que haja lugar no coração de cada pessoa para Deus.
Continuem a partilhar essa riqueza que fez dele o escolhido para fundar a vossa congregação com um carisma tão importante.
J.
A mensagem de Fátima não se dirige somente a 1917, ela é actual ,ela está direccionada para os nossos dias. Também hoje como ontem o povo cai de joelhos, chora , clama diante da Virgem Maria. Mas Fátima não é só os 13's, Fátima tem que ser todos os dias. O devoto de Maria o peregrino da Cova da Iria, tem que ter todos os dias em seu coração a Mensagem de Fátima . Os apelos de Maria são para todos os amanhãs. Se pensarmos bem na riqueza dos pedidos de Maria vimos que a sua preocupação era para o futuro. E nós portugueses devemos estar felizes por ter a Lúcia,o Francisco, a Jacintinha e o nosso Padre Formigão como testemunhos de tão bela Mensagem.Tal como estes Servos e Apóstolos do Senhor, que cada um de nós leve bem alto a nossa querida Fátima. João Santamaria
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